quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Um pequeno passeio reflexivo sobre produção musical

Olá queridos e queridas, venho trazer hoje um pequeno texto bem interessante de um amigo meu, também acadêmico de Licenciatura em Música, que trata da produção musical. Boa leitura!!!

A música não é apenas um "aglomerado de sons". A música vai além da capacidade de compreender a dita "linguagem musical". O fator "som" é um meio e não um fim de se produzir música, (talvez seja um produto final) da expressão de um compositor, que no momento em que está compondo provavelmente esteja numa "sub-realidade". Porém essa "realidade" realmente existe ? Talvez sim !
É a tal "sub-realidade" , ou "realidade dentro de outra realidade", que transforma em som as expressões sentimentais, psíquicas, "sobrenaturais" dos compositores. Talvez isso seja considerada por alguns leigos como "loucura". Porém até mesmo a "loucura" é transformada em músicas que retomam à loucura do compositor.

Talvez isso explique o porquê que pessoas humildes ( tanto "financeiramente" quanto a essência do significado da palavra) compõem músicas exuberantes.

Podemos afirmar que Johan Sebastian Bach estava numa "loucura" quando compôs " tocata and fuga" ? Ou podemos afirmar que thackosvick estava em outra realidade quando compôs " the flight the of blumble-bee" o " O voo do besouro" ? É difícil refletir possíveis respostas para perguntas tão complexas.
Cada grupo humano pensa de uma maneira, isso faz com que a música não seja (o que muitas escolas de músicas pregam) "uma linguagem universal".
Primeiro basta saber o que é "linguagem". Depois lê alguns textos sobre etnomusicologia, para refletirmos o que Queirós (2014) afirma em sua palestra sobre educação e pesquisa em música.
" A música não é uma linguagem universal, porém é um meio universal de expressão humana".
Ainda existem paradigmas que pregam o som ser o principal elemento da música. Isso não é mentira, mas também não é uma verdade. Pois o som ( "organizado ou não") é o produto final de um processo que dura bastante tempo. No caso de Beethoven, durava até anos. Ao escrever suas geniais obras, rascunhava várias vezes, até chegar as suas sinfonias, sonatas, quinteto etc. É bem provável que a música não se limita apenas a sua própria estrutura sonora, regido por leis da física e da matemática, mas sim de imaginários que talvez não faça parte do que chamamos de realidade. Pode ser um imaginário baseado em uma "realidade restrita" ( geralmente povos tradicionais: quilombolas, índios) que desenvolvem seus próprios SISTEMAS MUSICAIS ( daí a ideia de que a música não é uma linguagem universal, mas sim um meio universal de expressão humana [Queirós: 2014] ) Ou pode ser um imaginário que não faz parte de uma realidade restrita ( dita cultura por alguns ), nem da realidade dos grupos socias urbanos, mas que faz parte de um imaginário inexplicável pela psicologia, ou qualquer outra ciência que tente identificar atitudes de compositores contrárias a " realidade". Chego a uma reflexão: será que o sistema ATONAL surgiu apenas da necessidade de exprimir, através do som, novas ideias que fossem contrárias ao sistema tonal, que se preocupa com lógica de encandeamento harmônico, cadências etc ? Acredito que não ! A música é dinâmica, bem como o conhecimento. Creio que não existe uma única maneira de fazer música. A população, ou melhor, alguns grupos, sempre estão querendo unificar os sistemas, porém creio que a música não foi e jamais será capaz de aderir tais ideologias. Quem pode negar, que para os próximos séculos, os seres humanos provavelmente puderam chamar os nossos sistemas musicais mais usuais ( modal, tonal, atonal) de "IGNORANTES" ?

A ignorância juntamente com o pensamento positivista herdado do século XVIII faz com que muitas pessoas acreditem que música é apenas produto do comportamento humano e que é baseado apenas em sentimentos, mas na realidade é isso mesmo. Porém não podemos ser tão rudes a ponto de afirmar que música é SOMENTE “produto de expressão humana”.
Como seria a música criada pelos animais irracionais (é claro que não me considero um animal, seja racional ou não, mas para efeito de respaldo e para não entramos numa discussão mais longa enfatizaremos essa diferença “animais racionais x irracionais”)? E os cientistas sociais (em especial o musicólogo) conseguiram “desvendar” os sistemas desses grupos?

Esses sistemas seriam tão complexos de serem estudados como executar um simples encadeamento harmônico II, V, I. Talvez se houvesse um sistema musical universal todos os grupos (humanos ou não) seriam capazes de se comunicar independentemente de seus sentimentos. Infelizmente, dentro da etnomusicologia, não se tem nenhum vestígio de um “sistema universal”, como ainda se prega em muitas instituições de ensino da música.
Se o compositor se baseia ou não na realidade isso é uma longa e infinita discussão, o certo é que eu queria ter a oportunidade de analisar composições de doutores em filosofia e psicologia (...)   


Autor: Samuel Felipe

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